terça-feira, 8 de maio de 2012

O racismo e os desafios para a consolidação da democracia no Brasil


Maria Júlia R. Nogueira, Sec Nac de Combate ao Racismo
A construção do processo democrático no Brasil já é uma realidade inquestionável, ainda que as elites conservadoras e as forças reacionárias atuantes no país continuem de forma escandalosa a defender o retrocesso e trabalhando no sentido de impedir o avanço, emperrar e atrapalhar esse processo, mas felizmente pouco sucesso tem conseguido no objetivo da retomada do autoritarismo e antidemocratismo que por longos períodos pontuaram a história brasileira.

A democracia e a consolidação das instituições democráticas no país são elementos essenciais para a libertação do povo da opressão e na possibilidade de se construir uma sociedade com menos desigualdade social, com mais humanidade, justiça e solidariedade entre seus pares.
Quando  parece que já  termos  testemunhado toda exemplo de irracionalidade e intolerância  neste lindo e maravilhoso país chamado Brasil, nós  somos afrontados com mais um episódio  como o vivido neste último final de semana  na capital do país.

A indignação  consegue ser maior  ainda pelo  fato de quem patrocinou este lamentável e condenável ato de racismo ser um profissional da medicina, que não soube e não sabe honrar a profissão de médico, já que as informações dão conta que esta é sua profissão e de que também outra pessoa, por coincidência também mulher já havia sido vítima de tal pessoa.

É inadimissível que um médico, profissional que tem a responsabilidade de cuidar e tratar das pessoas, sem qualquer  tipo de discriminação,  tem a obrigação  de atender a todos sem  fazer qualquer distinção  tenha praticado um ato tão mesquinho, insultando uma trabalhadora em razão da cor de sua pele.

Essa atitude vem na contramão dos esforços que se vem construindo no país para termos uma sociedade mais democrática, com menos  discriminação e desigualdade, o maior exemplo desse esforço foi a votação consensual no STF que julgou constitucional  a instituição das  cotas nas universidades públicas do Brasil,  no entendimentos de que isso representa mais uma ação efetiva na luta de combate ao racismo.

Num país, que sempre se orgulhou de sua mestiçagem e sempre propagou “o mito da democracia racial”, fatos  como estes mereçam atenção especial do poder público no sentido de reprimir e coibir ações semelhantes e também a reprovação por parte de toda a sociedade.

É inadmissível, que em pleno século XXI, mais de 100 anos do fim da escravidão no Brasil, pessoas ainda sejam agredidas (mesmo que verbalmente) e desrespeitadas  em razão da cor  da sua pele, de pertencer a este ou aquele gênero,  ou mesmo de sua condição social.

Ninguém pode ser insultado/a em razão do seu exercício laboral, nós combatemos o assédio moral, o autoritarismo nos locais de trabalho e mais ainda  por  alguém que segundo o depoimento da vítima queria avançar na fila, não respeitando aqueles/lãs que em busca de diversão e em respeito aos outros aguardavam a vez de serem atendidos.

Não dá mais para aceitar e compactuar com a truculência e a arrogância , portanto, a sociedade brasileira deve se unir e repudiar esta e outras formas de autoritarismo que ainda alguns querem perpetuar. 


Fonte - www.cut.org.br

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