Por: Spensy Pimentel (Brasil Atual)
O assassinato de um cacique dos Guarani-Kaiowá, maior grupo indígena do país, é só um prenúncio de tragédias maiores, caso o Estado não tome providências urgentes
Além do assassinato de Nísio, três crianças continuam desaparecidas. (Foto: Maria Pena)Era uma tarde de domingo, e a comitiva seguia pela estrada vicinal, em Iguatemi (MS). À frente, os carros da Fundação Nacional do Índio (Funai). Em seguida, convidados da sociedade civil. Mais atrás, dois ônibus com quase cem lideranças indígenas. Os homens nas caminhonetes portavam câmeras e fotografavam tudo e todos, alucinadamente. E, segundo relatos dos indígenas, gritavam: “Vamos queimar esses ônibus com índios! Índios vagabundos! Ficam invadindo fazendas”. “Ninguém pode com a gente! Nós mandamos aqui. Vai acontecer do jeito que nós queremos, nunca vamos deixar os índios nem a Funai invadir fazendas!”
No cruzamento da estrada vicinal com a rodovia, a equipe da Força Nacional de Segurança Pública que acompanhava a comitiva abordou os homens, identificou-os e revistou as caminhonetes. Eles seguiram arrogantes. Um deles falava de dedo em riste com uma pessoa da comitiva. Isso até descobrir de quem se tratava. Era o secretário de Articulação Social da Secretaria-Geral da Presidência da República, Paulo Maldos. Depois de saber, os homens se contiveram.