Afrobetizar a educação no Brasil
No morro do Cantagalo, no Rio de Janeiro, a psicóloga
Vanessa Andrade ouvia com frequência: “Ai tia que cabelo feio” ou então “tia
bruxa”. Essa era a reação dos pequenos quando ela passava pelas ruas com seu
cabelo afro. Segundo Andrade, isso ocorria porque essas crianças estavam
desacostumadas a enxergar a beleza presente no jeito negro de ser. “Isso me
doía muito, mas ao mesmo tempo me convocava para uma missão maior de tentar
mudar o pensamento dessas crianças”, conta a psicóloga e coordenadora do
projeto Afrobetizar.
Quando se trata de identidade, as escolas brasileiras são
monocromáticas nos livros e nas histórias. Nossa educação não possibilita que
alunos negros encontrem seu caminho e conheçam o lado verdadeiro da vida e da
cultura africana presente de forma intensa no Brasil. Com a finalidade de
mostrar que outra pedagogia é possível, Andrade iniciou um trabalho intenso de
transformação social no Cantagalo.